Apresentação
O Observatório da Política Externa e Inserção Internacional do Brasil (OPEB) foi criado no início de 2019 por um grupo de professores e alunos ligados ao curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), com o objetivo de acompanhar e analisar de forma sistemática a nova dinâmica internacional do Brasil. Desde então, os impactos extensionistas e de pesquisa da iniciativa tem se destacado. O OPEB organizou inúmeros eventos na UFABC com a participação de professores, pesquisadores e outras figuras importantes para o debate da política externa, as quais se destaca Celso Amorim e Rubens Ricupero. Como resultado do trabalho de pesquisa do OPEB, foram publicados dois livros sobre a política externa do governo Bolsonaro, um pela editora UFABC intitulado “As Bases da Política Externa Bolsonarista”, e outro pela FES, “A política externa de Bolsonaro na pandemia”, respectivamente com foco no 1º e 2º ano do governo Bolsonaro. Foram realizados inúmeros workshops para produção e debates de textos originais sobre a inserção internacional brasileira ao longo dos últimos anos: vários desses textos encontram-se publicados na página do OPEB na Carta Capital e em veículos como Brasil de Fato e Ópera Mundi, e foram divulgados na newsletter “Monitorando o Mundo” que o Observatório passou a produzir a partir de 2020. Em 2020 e 2021 foram ainda realizados cursos online de formação em política internacional, tendo como temática principal a política externa brasileira, voltados ao público geral, com a participação significativa de pessoas de fora da UFABC, o que contribuiu para projetar a Universidade e o OPEB para um público externo mais amplo.
Justificativa
O Brasil desenvolveu nas últimas décadas sua marca de uma nação em desenvolvimento com uma política externa independente, focada nos temas relacionados exatamente aos desafios do esforço desenvolvimentista. A maioria dos estudiosos enfatizou a existência de uma tendência de continuidade da Política Externa Brasileira (PEB) no curso de longos períodos de tempo, não só pelas decisões políticas, mas pela própria característica dos fatores que determinam a inserção internacional dos países. Os principais princípios da Política Externa Independente, desenvolvida no início da década de 1960, resumem as linhas mestras: exportações para todos os países, inclusive socialistas (na época uma afirmação da independência para um país em desenvolvimento); a defesa do Direito Internacional, da autodeterminação e da não-intervenção nos assuntos internos de outros países (aplicados inclusive com relação à Revolução Cubana); uma política de paz, desarmamento e coexistência pacífica nas relações internacionais; e a formulação autônoma de planos nacionais de desenvolvimento e de encaminhamento de ajuda externa. Passando pela busca de autonomia e o chamado Pragmatismo Responsável e Ecumênico até a política externa ativa e altiva do Governo Lula identificaram-se mudanças em prioridades e nuances, mas também continuidades. Nos últimos anos estamos vivendo uma situação particular. De um lado, transformações no mundo externo com movimentos unilaterais por parte dos EUA na busca de reinventar sua hegemonia e a nova estratégia chinesa de uma inserção afirmativa tentando ocupar seu espaço no mundo. Em outra dimensão há preocupações fortes com as mudanças climáticas com impactos nas políticas nacionais e também na geopolítica. E, de outro lado, há uma explícita vontade política por parte do governo Bolsonaro de romper com o que alguns chamam de “tradições” da política externa. Contudo, dentro do próprio governo permanecem contradições entre as alas ultraliberal, militar e neoconservadora sobre quais características devem ser conferidas a inserção internacional brasileira, o que tem elevado a politização da política externa. A isso, adiciona-se as incertezas sobre que tipo de novo normal irá emergir no mundo pós-pandemia e, ainda, como se reorganizará a política externa perante o governo Biden dos EUA. Diante disso, não é previsível saber exatamente como as transformações estruturais e as crises conjunturais externas impactarão o Brasil. Identificamos por parte de vários setores da sociedade uma preocupação e interesse em entender o desenvolver da política externa, e, de forma mais ampla, a inserção internacional do Brasil e os rumos da PEB. A universidade pode e deve responder a essa demanda e ansiedade debatendo essas questões de forma aberta e acessível.
Neste quadro, o objetivo do projeto é a análise dos novos rumos da política externa brasileira e da nova onda de abertura econômica-comercial à luz das recentes tendências nacionalistas e protecionistas que ampliaram a incerteza nas relações internacionais. Este projeto compartilha do esforço coletivo no seio das universidades públicas brasileiras para a democratização do conhecimento científico de ponta que nelas se produz. Isso significa o compartilhamento de materiais acadêmicos, em uma linguagem acessível e objetiva, voltada para o público externo amplo, de modo a ressignificar o conceito de política externa brasileira no cotidiano da sociedade.
A constituição de um Observatório da Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil como projeto de extensão da Universidade Federal do ABC visa, portanto, contribuir para um debate público sobre as diferentes alternativas para a inserção do Brasil no mundo. Espera-se aproveitar a parceria com o Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais (GR-RI), a Fundação Friedrich Ebert (FES) e o Instituto TriContinental para Pesquisa Social.
Funcionamento
Para organizar este trabalho, subgrupos temáticos, cada qual com um professor/a-coordenador/a, foram criados para articular a participação interna e externa da UFABC. É de responsabilidade de cada subgrupo garantir uma produção regular de textos curtos e acessíveis para serem discutidos nos workshops e posteriormente publicados nas plataformas online. O objetivo principal dos subgrupos é subsidiar o debate geral entre os demais participantes do projeto através de um acompanhamento contínuo de reuniões, documentos e notícias produzidas a respeito de sua respectiva área temática. O OPEB funcionará por meio de diversas de atividades ao longo do ano, sendo elas:
Os workshops serão formados pelos integrantes do OPEB – sendo estes da UFABC e da comunidade externa. Têm como objetivo realizar uma análise da conjuntura a partir da apresentação de uma avaliação geral e dois textos curtos por sessão – média de 3 a 4 páginas. Às quintas-feiras, das 16h30 às 18h30, com calendário fixo (ver anexo), a partir do início de março.
Para estas, contamos com convidados externos, em especial o Embaixador Celso Amorim. Têm como finalidade aprofundar diferentes temas da política externa relevantes para a compreensão do cenário atual e das perspectivas para o futuro. Datas serão definidas em breve e disponibilizadas no site.
Organizados por docentes integrantes do OPEB a partir de um tema específico que está em discussão. Esses debates estarão voltados para um público mais amplo que os integrantes do projeto.
Atividades organizadas junto ao Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais no escritório da FES em São Paulo. De periodicidade quadrimestral.
O site opeb.org e as redes sociais do projeto propõem-se a apresentar, em linguagem acessível, os textos produzidos e discutidos no âmbito dos workshops do OPEB. Ainda, a plataforma pretende publicar contribuições de parceiros que atuam com as Relações Internacionais do Brasil. A partir do site serão exploradas outras formas e meios para socializar as reflexões acadêmicas no intuito de fomentar maior debate público e participação.
Grupos Temáticos
Brasil - China
Coordenadores: Ana Tereza Marra
Brasil - EUA
Coordenadora: Marcos Roseira
Desigualdades e Diversidades na América Latina
Coordenadora: Bruna Muriel
Direitos Humanos
Coordenador: Gilberto Rodrigues
Geopolítica e Economia Política Internacional da Energia
Coordenadores: Giorgio Romano e Igor Fuser
Grande Estratégia, Política de Defesa e Segurança Internacional
Coordenador: Flávio Rocha
Meio Ambiente, Clima e Agricultura
Coordenador: Olympio Barbanti Jr.
Migrações Internacionais
Coordenador: Roberta Peres
Multilateralismo Econômico e Comercial
Coordenadora: Diego Azzi
Opinião Pública e Política Externa
Coordenadora: Ismara Izepe
Relações com a África
Coordenadores: Flávio Thales e Mohammed Nadir
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