
Entre a resistência e a conivência: o Itamaraty e a ditadura militar
A ascensão da extrema-direita no Brasil, nos últimos anos, veio acompanhada de recorrentes tentativas de alterar a narrativa sobre a ditadura militar (1964-1985). Se no período imediato à redemocratização do país, na década de 1980, se evidenciou junto à sociedade brasileira a herança negativa deixada pelos militares, a partir do governo Bolsonaro, junto às constantes ameaças à democracia, se acentuaram as investidas para promover uma imagem positiva daquele período. As polêmicas que envolvem o inegável sucesso de “Ainda Estou Aqui” se constituem em um exemplo eloquente disso. O filme retrata, sob a perspectiva de Eunice Paiva, o desaparecimento de seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, morto pelo regime autoritário. No dia 2 de março, o longa-metragem fez história ao ganhar o Oscar de melhor filme internacional, fato inédito para o Brasil. Entre efusivas comemorações do campo progressista e da direita moderada e a produção de fake news pela extrema-direita, o fato é que a memória sobre esse período continua sendo alvo de disputas. Continuar lendo Entre a resistência e a conivência: o Itamaraty e a ditadura militar