100 dias de caos: o início do segundo mandato de Donald Trump

Ano VI, nº 99, 17 de abril de 2025


Por Lucas Santiago Portari, Mariana Silveira Gomes, Pamela de Lima, Renato Souza, Rúbia Costa Machado

(Imagem: RS/ Fotos Públicas)


Os primeiros cem dias da segunda administração de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos se apresentam, ao mesmo tempo, de forma previsível e caótica. Marcado pelo discurso anti-establishment e pela retórica do ‘Trump Will Fix It’, sua chegada à Casa Branca  foi acompanhada de medidas de desvalorização do multilateralismo global e de promoção de pautas xenofóbicas. Enganam-se, porém, aqueles que tratam tais investidas como o reflexo de uma figura política ‘perdida’,  apartada do ressurgimento da extrema-direita no cenário global.


Introdução


Embalado pela promessa do “Make America Great Again”, o fenômeno da vitória ‘dupla’ de Trump — tanto no colégio eleitoral quanto no voto popular —, sobre Kamala Harris, não se repetia desde a eleição de George W. Bush, em 2004. Essa circunstância fez com que sua liderança, de Donald Trump, protagonizasse uma ampla reconfiguração política e econômica acerca dos rumos a serem tomados pela nação. Para tanto, suas primeiras ações indicam uma postura que, se por um lado prioriza o cenário doméstico estadunidense, pelo outro, acarreta no arrefecimento das pautas eminentemente globais, como fóruns multilaterais, a questão migratória e a promoção de ajuda humanitária.


Fato é que uma nova conjuntura está posta pela potência — ainda — hegemônica. Desde os tarifaços, passando pela sistemática desmobilização de programas como os financiados  pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), se desenha uma agenda marcada pela reinterpretação do excepcionalismo americano, agora adaptado para o segundo quarto do século XXI.


Sobre o Trumpismo


Num primeiro olhar, tendo em vista o resultado das eleições, seria de se esperar coesão entre Trump e seu eleitorado. Mas já no início de março, dados reunidos pelo estatístico americano Nate Silver apontavam que o índice de reprovação do presidente (48,1%) superava o de aprovação por uma pequena margem (47,9%). As principais preocupações do americano médio estavam relacionadas ao seu custo de vida, ao papel do funcionalismo público e à questão migratória. Por um lado, 51% dos entrevistados não concordam com a política econômica de barreiras tarifárias, praticada pelo governo. Por outro, no que tange à redução do funcionalismo público e à política de imigração, Trump permanece com a maioria do apoio popular.


Mas uma frente que se mostra em disputa com a Casa Branca se dá nas cortes de Justiça. No caso, na decisão de Trump em evocar a Lei de Sedição de 1798 para promover a deportação de 238 venezuelanos, supostamente ‘membros de gangue’, para um mega-presídio em El Salvador. A juíza Patricia Millet denunciou o descuido, por parte do governo, em verificar se os venezuelanos eram, de fato, associados com gangues. Millet chegou a dizer que “os nazistas tiveram um tratamento melhor sob a Lei de Sedição daquilo que aconteceu aqui”.


O Departamento DOGE e a ‘eficiência’


Tal virada de chave na política doméstica está fortemente vinculada a uma outra esfera da administração — o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) liderado por  Elon Musk. Sob o discurso de melhoria do funcionalismo público, o DOGE constitui uma iniciativa do governo Trump — através de uma ordem executiva – de modernização da administração pública. Na prática, pôde-se observar o corte de cerca de 280.000 cargos federais, espalhados em 27 agências governamentais, desde 20 de janeiro. Dado o entendimento do aparelho do Estado enquanto semelhante ao de uma empresa privada, observa-se como o discurso neoliberal da ‘eficiência’ aumenta a arrecadação pública em detrimento da empregabilidade da população estadunidense.


Trata-se de uma linha fina a situação doméstica dos EUA — invariavelmente, cerca de metade da população estadunidense permanece contrária ao encaminhamento do governo. Se é verdade que avança uma política contrária à imigração, dela não se dissociou a instauração de um profundo caráter xenofóbico no país. Num questionário da USAID, promovido por Trump, para avaliar projetos de ajuda internacional, foram feitas perguntas que vinculavam o financiamento entre agendas domésticas e geopolíticas. Entre os critérios, destacam-se: se os projetos reforçam a soberania dos EUA ao reduzir a dependência de organizações como ONU e OMS; seu impacto na prevenção da imigração ilegal; e seu alinhamento contra influências “malignas”, como a China. Vale apontar que funcionários da USAID relataram pressão para concluir a pesquisa, mesmo com cortes anunciados nos contratos da agência.


Ainda sobre a USAID, é importante ressaltar que tratava-se de uma organização criada por John F. Kennedy, em novembro de 1961. Inserida como um braço da política externa no contexto da Guerra Fria, sua agenda constituiu-se — historicamente — enquanto promotora de projetos de desenvolvimento socioeconômico, humanitário e de apoio a nações em situação de vulnerabilidade. Tal norteamento buscava barrar o avanço da influência socialista nos países da Europa Ocidental, principalmente.


Com o segundo mandato de Trump, houve uma instrumentalização do órgão. De acordo com Jeremy Lewin, atual vice-administrador da USAID, essa ação “aumentará significativamente a eficiência, a responsabilização, a uniformidade e o impacto estratégico dos programas de assistência externa — e garantirá que a nossa nação e o Presidente falem a uma só voz nos assuntos externos”. Junto a isso, porém, oculta-se a perda da capacidade de resistência à políticas que busquem seu esvaziamento e consequente despolitização.


A coerção econômica do big stick


Antes de tomar posse, Donald Trump já prometia em sua campanha presidencial taxar determinados países, como México, Canadá e China. Esse objetivo  proposto durante a campanha foi colocado em prática ainda na primeira semana de mandato do presidente estadunidense, quando foi anunciado em 1° de fevereiro, que as importações de México, Canadá e China iriam pagar 25% de tarifas para entrarem no mercado dos Estados Unidos. Essas medidas foram tomadas em uma primeira tentativa de entender o comportamento dos seus aliados comerciais em relação a essa nova estrutura tarifária. Além desses três alvos de tarifas, a Colômbia sofreu com a pressão tarifária de Washington na questão de migração.  Os Estados Unidos estavam deportando centenas de colombianos em péssimas condições e o governo de esquerda de Gustavo Petro decidiu não aceitar esse tipo de tratamento com os seus nacionais. Como resposta, Donald Trump e sua equipe impuseram 25% de tarifas, com aumentos diários caso Bogotá não aceitasse os seus cidadãos. 


Nos casos mencionados, o governo de Washington acabou recuando ou reestruturando as medidas ao longo do tempo, porém a ideia de colocar tarifas como medida de dissuasão internacional visando um interesse próprio, se manteve de forma clara durante o início do segundo mandato do republicano.  Em distintas oportunidades, representantes de distintos graus hierárquicos do governo estadunidense afirmavam que essas medidas tarifárias tinham o intuito de proteger o mercado produtivo interno e buscavam diminuir o déficit na balança comercial. No entanto, não havia uma política clara de reavivamento da indústria nacional a tempo de suprir a demanda interna. 


Entre o mês de fevereiro e março, o objetivo, ao que parece, era entender quais seriam as repercussões internas e externas na política e na economia acerca desse processo de implementação de tarifas. Afinal, está prevista para abril a implementação de uma nova rodada de tarifas  de forma mais intensa a um amplo número de parceiros comerciais.


The ‘Liberation Day’


Em evento apoteótico, no dia 2 de abril Donald Trump fez um discurso efusivo no gramado da Casa Branca segurando tabelas com a porcentagem de tarifas a serem impostas a mais de 100 países. O evento com potencial de ser emblemático como o fim do padrão ouro dólar encerrado pelo presidente Nixon, foi realizado cercado de apoiadores, em especial de setores industriais. O discurso foi realizado com entusiasmo dos impactos positivos que essas tarifas poderiam gerar para a economia dos Estados Unidos no médio e longo prazo. 


Ao longo do discurso, o presidente elaborava um misto de ideias de reestruturação do sistema tarifário e, em especial, da necessidade de proteger os produtores internos do país. Quando os percentuais das tarifas foram revelados, houve um grande choque entre agentes econômicos ao redor do mundo, pois a maior economia do mundo estava impondo um  mínimo de 10% em  tarifas a mais de 150 países, afirmando que essa era uma medida de reciprocidade para fortalecer o mercado produtivo interno. 


Logo após o anúncio, se iniciou um grande debate internacional para entender quais os impactos estas tarifas causariam na economia internacional. Nele, estava contida a ideia de que estas tarifas não eram recíprocas e inúmeros economistas buscavam entender qual foi o parâmetro para a formulação dos percentuais a serem pagos aos países taxados. Ao longo do dia, ficou esclarecido que as tarifas não eram recíprocas e nem estavam associadas ao déficit comercial que os Estados Unidos tinham com cada país respectivamente. 


Começava a crescer uma situação de desagrado por parte de seus aliados no comércio internacional e no âmbito doméstico. Diversas bolsas de valores ao redor do mundo foram impactadas diretamente logo após o anúncio proferido por Donald Trump, com a incerteza tomando conta dos mercados especulativos e produtivos. Assim, nesse contexto caótico, o mercado de ativos dos Estados Unidos registra o pior dia desde a pandemia. A pauta do dia passa a ser de questões como: (1) quais serão as estratégias de retaliação das nações impactadas; (2) quando essas tarifas retaliatórias fossem formuladas e colocadas em prática; (3) qual seria a reação de Washington.


Em um movimento de claro recuo, similar ao que havia ocorrido ao longo dos meses anteriores, Donald Trump, sete dias após ao Liberation Day, anuncia que os países que não retaliaram iriam ser tarifados em módicos 10% e que as tarifas estariam pausados por 90 dias. 


Quanto ao gigante asiático, a incerteza provocada ao longo desses sete dias foi se intensificando com as retaliações promovidas pela segunda maior economia do mundo e parceiro comercial dos Estados Unidos. A China adotou uma postura clara de não se manter inerte, com movimentos constantes de retaliação tarifária. A situação se tornou tão incerta que as tarifas entre os dois países chegou a 125%, sem uma perspectiva de melhora no quadro.  


Impacto sobre o Brasil


No que diz respeito ao trato diplomático com o Brasil, é notória a postura de Trump de desconsiderar os fóruns multilaterais, em prol do interesse estratégico de seu país. De acordo com Celso Amorim, Assessor-Chefe da Secretaria Especial do Presidente da República, Trump assume uma postura de não esconder o auto interesse. Dirá Amorim que “essa política, digamos assim, um pouco missionária dos EUA não existe mais. Ele [Trump] vai defender os interesses dos EUA de maneira deslavada, e nós temos que nos reorganizar diante disso.” Não há, portanto, ingenuidade ou desnorteamento na tomada de suas ações futuras.


Indo ao encontro da fala do assessor, o mais recente Policy Paper do think tank  Washington-Brazil Office registra como a mudança de postura de Trump deixa claro para o mundo que a pauta da cooperação e do multilateralismo não mais faria parte da política externa dos EUA. Na verdade, o intuito agora estará no estabelecimento de dinâmicas bilaterais apenas em cenários cujas trocas político-econômicas beneficiem diretamente os interesses estadunidenses. Há, com isso, um candente desmantelamento dos arranjos de governança construídos pelos EUA durante o primeiro quarto do século. Se é verdade que, historicamente, tais atitudes levaram o cenário global a uma maior incerteza acerca das relações preestabelecidas, também consta uma janela de oportunidade para o Brasil se desvencilhar do status quo e fazer valer uma maior projeção de seus próprios interesses.


O Brasil nesse início do governo de Donald Trump não foi de forma direta atacado pelo governo estadunidense, ao contrário de outros países da região, como Venezuela e Cuba. Não há uma percepção clara por parte de Washington do Brasil ser uma ameaça política ou econômica, assim como os países já mencionados. Os impactos das medidas dos Estados Unidos no Brasil se deram de forma indireta, como foi a implementação de tarifas de importação do aço e alumínio por parte da Casa Branca, que não visava atacar diretamente as exportações brasileiras.


Tendo em vista a consolidada tradição diplomática brasileira em buscar soluções acerca desse tipo de tema em órgão multilaterais, o Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Mauro Vieira e o Itamaraty afirmaram que iriam tratar desse assunto na OMC (Organização Mundial do Comércio). Por possuir um saldo comercial deficitário com os Estados Unidos, o Brasil sofreu apenas com a implementação de tarifas num valor de 10%, no que tange os impactos do Liberation Day. Com isso, o Itamaraty e o presidente Lula não são tão vocais em relação a uma situação de reciprocidade — o objetivo era se articular de forma multilateral e buscar uma melhora no quadro. A busca também foi de entender esse momento como uma janela de oportunidade para uma inserção internacional, visando ocupar as lacunas deixadas pela desorganização comercial proporcionada pelas novas tarifas.


Expectativas e Realidade


De forma sucinta, era de se esperar que Donald Trump promovesse uma reorientação das pautas estadunidenses, privilegiando o interesse doméstico em detrimento dos fóruns internacionais — não é daí que parte a quebra de expectativa de grande parte dos analistas. De fato, o que surpreende é a celeridade com que seu governo desmonta, sistematicamente, toda uma hegemonia construída pelos próprios EUA, de nação líder de um capitalismo contemporâneo multilateral. Em sua nova postura coercitiva em relação aos outros países, o segundo mandato de Trump reforça a tomada de acordos bilaterais. Ao mesmo tempo, reorganiza o sistema internacional com o intuito de antagonizar o governo chinês — principal potência contemporânea capaz de fazer frente aos EUA. O que se observa é um abandono no interesse de interferir em assuntos que não sejam estritamente estratégicos aos EUA. Resta saber, frente a isso, de que forma o Brasil pode aprender, assimilar — e mais importante, agir.


Agradecemos, também, a professora Nathália Henrich pelo apoio na orientação do texto.


Referências


G1. Aprovação de Trump fica abaixo da desaprovação pela primeira vez na média das pesquisas

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/03/11/aprovacao-de-trump-fica-abaixo-da-desaprovacao-pela-1a-vez-na-media-das-pesquisas-aponta-levantamento.ghtml; Acesso em:14 de abr. 2025


BBC. Judge argues US treated Nazis better than Venezuelan migrants who were departed; https://www.bbc.com/news/articles/cp3y03l1gvko Acesso em:14 de abr. 2025


NY Post. Elon Musk’s DOGE slashed 280000 jobs from federal government

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NY Post. Trump admin demands UN agencies disclose any ‘anti-american’ ties

https://nypost.com/2025/03/13/us-news/trump-admin-demands-un-agencies-disclose-anti-american-ties/ Acesso em:14 de abr. 2025


The Conversation. USAID’s history shows decades of good work on behalf of America’s global interests

https://theconversation.com/usaids-history-shows-decades-of-good-work-on-behalf-of-americas-global-interests-although-not-all-its-projects-succeeded-249337 Acesso em:14 de abr. 2025


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Folha de São Paulo. Celso Amorim diz que Trump é o interesse ‘nu e cru’ e que Brasil tem que se organizar

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2025/03/celso-amorim-diz-que-trump-e-o-interesse-nu-e-cru-e-que-brasil-tem-que-se-reorganizar.shtml Acesso em:14 de abr. 2025


WBO. WBO releases its 2025 Policy Paper, with analyses and recommendations on Brazil-US relations https://www.braziloffice.org/press-releases/wbo-releases-its-2025-policy-paper-with-analyses-and-recommendations-on-brazil-us-relations 

Acesso em:14 de abr. 2025


Agência Brasil. Trump anuncia tarifa contra países que comprarem petróleo da Venezuela 

https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2025-03/trump-anuncia-tarifa-contra-paises-que-comprarem-petroleo-da-venezuela. Acesso em:14 de abr. 2025


Brasil de Fato. Cubanos reagem após Trump recolocar país em lista de terrorismo: ‘Quem sofre é o povo’ 

https://www.brasildefato.com.br/2025/01/21/cubanos-reagem-apos-trump-recolocar-pais-em-lista-de-terrorismo-quem-sofre-e-o-povo/ Acesso em: 14 de abr. 2025

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