25 de julho de 2023
Por Ana Claudia Paes, Bruno Fabricio Alcebino da Silva, Caio Vitor Spaulonci, Felipe Firmino Rocha, Gabriel de Mello Rodrigues, Giovanna Furquim Moreschi e Juliana Valente Marques (Imagem: Lula Marques/Agência PT)
Entre os dias 29 de junho e 2 de julho, Brasília sediou a 26ª reunião do Foro de São Paulo, articulação entre mais 120 partidos e organizações progressistas e de esquerda de 27 países. O encontro contou com a presença do presidente Lula e foi o primeiro evento presencial da instituição após o início da pandemia.
Demonizado pela direita e pela extrema-direita, o Foro de São Paulo virou tema de campanha eleitoral em 2018 e 2022, quando se propagaram inúmeras fake-news a seu respeito. Em meio a um contexto geopolítico complexo, com disputas ideológicas e políticas entre diferentes atores nacionais e internacionais na América Latina e no Caribe, o Foro de São Paulo, como uma instância de articulação política, continua a enfrentar desafios para manter sua relevância e contribuir para os debates e ações no cenário regional.
À vista disso, o Observatório de Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil – OPEB, entrevista Valter Pomar – professor de Relações Internacionais da UFABC e ex-secretário executivo do Foro de São Paulo (2005-2013).
OPEB: Por que uma instância como o Foro de São Paulo, pouco conhecida pelo grande público, ganhou tanta projeção no discurso da extrema direita nos últimos anos?
Valter Pomar: A extrema direita atribui ao Foro de São Paulo uma grande responsabilidade no crescimento do número de governos nacionais dirigidos pela esquerda, a partir de 1998. Ela atribui ao Foro a vitória do Chávez na Venezuela, a vitória do Lula no Brasil, a vitória do Kirchner na Argentina, a vitória do Tabaré Vázquez no Uruguai, a vitória do Lugo no Paraguai, a vitória do Rafael Correa no Equador, a vitória do Evo Morales na Bolívia e atribui ao Foro de São Paulo a vitória do Daniel Ortega no caso da Nicarágua e a vitória da Frente Farabundo Martí com Mauricio Funes, em El Salvador, além das ações desses governos. Criaram a lenda segundo a qual o Foro de São Paulo atuaria secretamente, clandestinamente, conspirativamente. Já em 2013, eu me lembro de ter visto uma fotografia com uma criança carregando um cartaz que dizia “Fora Foro de São Paulo”.
OPEB: Muitos críticos do Foro de São Paulo têm esse discurso de que o Foro vai ajudar a estabelecer uma hegemonia socialista e que ele apoia governos autoritários e violações dos direitos humanos. O que o senhor acha dessas acusações atualmente?
Valter Pomar: Quem tem um histórico de apoiar governos ditatoriais na América Latina e no resto do mundo é o governo dos Estados Unidos e os governos a eles alinhados. Então, se for fazer um ranking, vai ficar evidente que quem sai vencendo são os ianques. Essa acusação de que o Foro apoiaria governos não libertários tem a ver com interpretações diferentes acerca do que é a democracia e do que acontece em alguns países da América Latina. E tem a ver também com muita desinformação. A segunda questão é que o Foro de São Paulo é plural. Existem, dentro dele, forças nacionalistas, forças comunistas, forças socialistas, forças democráticas, forças nacional-populares etc. Ou melhor dizendo, todas as famílias da esquerda latino americana e caribenha estão presentes no Foro de São Paulo. E, evidentemente, os partidos ali presentes apoiam, em maior ou menor medida, aqueles governos de orientação socialista que existem aqui na região e não haveria motivo nenhum para não apoiá-los, certo? Isso não quer dizer que o Foro de São Paulo como um todo, seja socialista, ou seja composto por socialistas, ou tenha como objetivo estratégico estabelecer o socialismo na América Latina.
O objetivo mais importante do Foro de São Paulo é a integração regional. E isso porque a integração é necessária, seja qual for o projeto que você defenda no interior do Foro de São Paulo. A integração regional é uma das garantias de que a gente tenha democracia no continente. Os partidos do Foro de São Paulo são adeptos de algum tipo de desenvolvimentismo, vão querer, também, a integração regional por entenderem que ela é essencial para o desenvolvimento. Então, a integração regional é útil e necessária para os que defendem a liberdade, para os que defendem o bem-estar social, para os que defendem o desenvolvimento, obviamente para os que defendem a soberania nacional. Para a maioria dos países da região a garantia da soberania regional é a integração regional, além disso, é útil para aqueles que defendem o socialismo, porque a chance de sustentar uma experiência socialista aumenta no ambiente de uma América Latina e Caribe integrada. Então, a rigor, o que é o mínimo denominador comum do Foro de São Paulo é a integração regional, não o socialismo.
OPEB: E ainda sobre a América Latina, qual foi o papel principal do Foro de São Paulo nas mudanças políticas ocorridas na América Latina nos últimos anos?
Valter Pomar: O Foro de São Paulo contribuiu para enfrentar a tríplice herança que se abate sobre a nossa região. Nos anos 90, a gente tinha uma herança que vinha de muito longe, vinculada à presença colonial e a tudo que vem junto disso. A gente tinha a herança do desenvolvimentismo conservador, a herança das ditaduras militares. A isso se somou, nos anos 90, a herança e a prática presente do neoliberalismo. Então, tudo isso misturado, foi enfrentado pelos partidos do Foro de São Paulo. Os partidos do lado do Foro de São Paulo combatem a herança colonial, combatem a herança vinda das ditaduras militares, combatem o desenvolvimentismo conservador e seus efeitos, combatem o neoliberalismo. E tudo isso junto, conflui para uma série de vitórias eleitorais que ocorreram a partir de 1998 e prosseguiram até 2008. Durante dez anos, houve um avanço das forças progressistas e de esquerda na América Latina. E o Foro de São Paulo contribuiu nisso. Depois de 2008, começou um ciclo oposto de golpes e de derrotas eleitorais que afastaram do governo os partidos progressistas de esquerda em grande número de países da região. E nos últimos três anos tem ocorrido novamente uma chegada desses partidos ao governo, inclusive em países que a gente nunca governou, como é o caso da Colômbia. Ou seja, o Foro de São Paulo contribuiu para a resistência e contribuiu também para a conquista de governos durante esse período que vem de 1990 até agora.
OPEB: Como o senhor enxerga o Foro de São Paulo no futuro e o seu papel na América Latina?
Valter Pomar: O Foro de São Paulo é uma organização de partidos e organizações políticas com visões muito diferentes sobre uma série de questões. É muito difícil prever, porque pode ser que nessa nova situação mundial, aquilo que hoje não é um tema que nos divida possa vir a nos dividir futuramente. Como também pode acontecer do Foro se reciclar e passar a se dedicar a outros objetivos estratégicos, uma vez que a integração regional tenha sido obtida. Como pode acontecer, também, de nesse ambiente conflitivo que há no mundo você ter uma situação ainda mais tensa na região e o Foro passe a cumprir um papel de grande protagonismo. O que a gente pode dizer é que durante muitas décadas vai ser necessária uma força política e social que defenda a integração regional.
OPEB: Por que o Foro de São Paulo é frequentemente relacionado e associado ao chavismo na Venezuela?
Valter Pomar: Hugo Chávez se projetou na política latino americana depois que o Foro de São Paulo já havia sido criado. Ele participa da primeira reunião após sair da cadeia [em 1995]. Ele havia participado de um levante militar contra o governo neoliberal da Venezuela [1992]. Esse levante dá errado e ele é preso. Depois que ele cumpre a pena dele, ele sai da cadeia, passa a participar da vida política nacional e ele nesse momento, vai até El Salvador, onde estava acontecendo uma reunião do Foro de São Paulo. Para a maioria dos integrantes do Foro, Chávez era um militar que havia tentado dar um golpe. Poucos ali o conheciam, poucos ali o compreendiam como o que ele de fato era. Por conta disso, ele não pôde nem falar na plenária geral. Só participou de uma comissão que estava sendo coordenada pelo Shafik Randal, na época secretário-geral da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional [de El Salvador]. Isso deixou Chávez muito arredio em relação ao Foro de São Paulo. Alguns anos depois, ele ganha a eleição presidencial e é um dos primeiros do que futuramente será um ciclo de governos latino americanos e caribenhos, progressistas e de esquerda. O ciclo só começa quando você coincide com os governos do Kirchner na Argentina, do Chávez, na Venezuela e do Lula no Brasil.
Ou seja, de 1998 até 2003, não há propriamente um ciclo. Tem um governo, depois dois governos. O ciclo começa quando, nas três principais economias da região se deflagra uma situação de governos progressistas e de esquerda, simultâneos. O Chávez, no início, emitia sinais muito contraditórios. A coisa começou a ficar absolutamente explícita quando a direita foi tentar derrubá-lo [2002]. O próprio Fernando Henrique Cardoso trabalhou para evitar que a situação da Venezuela desembocasse num golpe de Estado. A pedido do Lula, Fernando Henrique contribuiu mandando um navio com petróleo, combustível, para abastecer a Venezuela, uma vez que estava em curso uma greve de chefias na empresa petrolífera local. Pouco a pouco, o Chávez foi ampliando as relações com o Lula, foi ampliando as relações com outras lideranças e partidos da região e se tornou uma figura importante na esquerda latino americana e mundial, mas sempre ficou com muita dúvida pessoal em relação ao Foro de São Paulo. Essas reservas só foram rompidas em definitivo em 2012, quando houve em Caracas um grande encontro do Foro de São Paulo, de cujo encerramento Chávez participou. O Foro não é uma organização centralizada, é uma organização muito descentralizada propositalmente.
Não é porque nós não valorizemos a organização, a centralização, mas por entendemos que para uma organização como é o Foro é importante que todo mundo se sinta confortável, que, por exemplo, não haja decisões por maioria, que as decisões sejam consensuais, que haja espaço para posições diferentes. E é evidente que isso reduz o grau de centralização política e o grau de disciplina que você pode adotar numa organização dessa natureza. O Chávez, na minha opinião, do pouco que eu o conheci, preferia uma organização com mais centralismo. Mas ele também compreendeu a partir de 2012, em particular, o significado e essa dinâmica que a gente adotava no Foro e infelizmente, pouco depois disso, ele faleceu devido ao câncer. Mas o partido do Chávez, o Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV), continua integrando o Foro de São Paulo até hoje. O Foro é acusado pela extrema direita de várias coisas, entre elas de ser chavista. Isso para nós é um elogio, não é uma crítica assim como se chamar o Foro de São Paulo de lulista ou de fidelista. Somos isso e muito mais, ou seja, cabem no Foro partidos e organizações com orientações políticas muito diferentes.
OPEB: Na opinião do senhor, quais foram as principais conquistas do Foro de São Paulo desde sua fundação?
Valter Pomar: Foi contribuir para que a esquerda latino americana e caribenha governasse um grande número de países da região e, graças a isso, ampliasse as liberdades democráticas, o bem-estar social e o desenvolvimento, assim como a integração regional. Nós contribuímos nisso, não somos os responsáveis por isso.
OPEB: Na visão do campo da direita, alguns afirmam que o Foro de São Paulo perdeu relevância nos últimos anos. Como o senhor avalia o estado atual e a influência do Foro hoje?
Valter Pomar: É meio óbvio que se de 2008 em diante eles deram golpes de Estado, sabotaram governos, bloquearam países e ganharam mais ou menos legitimamente, algumas eleições, é óbvio que isso afeta também o próprio Foro de São Paulo e as forças a ele ligadas. Então, é óbvio que tenha ocorrido isso, uma certa perda de espaço. Mas, por outro lado, houve uma recuperação de espaço no período mais recente, porque a esquerda reconquistou vários governos. Quanto à relevância e ao outro lado da medalha, o Foro nunca foi aquilo que a direita o acusavam de ser, nunca foi uma força que dirige governos diretamente. Cada partido que elege o presidente da República tem dificuldades de, como partido, influenciar os rumos do governo. Nós somos nações presidencialistas, não temos uma cultura em que os partidos dirigem. São as pessoas que dirigem, têm obstáculos institucionais, etc. E da mesma forma, o Foro de São Paulo como um todo, nem se propõe a dirigir enquanto tal e os seus partidos têm limitações. Então, essa “constatação” da extrema direita de que o Fórum teria perdido espaço e relevância é uma baita mentira.
OPEB: Alguns campos da extrema direita enxergam que o Foro tem uma agenda oculta para minar a democracia e promover uma agenda social radical. Como o senhor enxerga isso?
Valter Pomar: Não tem nenhuma agenda oculta no Foro de São Paulo. A agenda é 100% pública. Nossos encontros são públicos, nossas resoluções são públicas. E o que a gente defende, como eu já comentei, é a integração regional, derrotar o neoliberalismo, derrotar o imperialismo e promover liberdades democráticas, bem-estar social, crescimento e desenvolvimento.
OPEB: O Foro de São Paulo tem enfrentado críticas por falta de transparência e prestação de contas. O que pode ser feito para abordar essas preocupações?
Valter Pomar: O Foro de São Paulo não tem nenhuma estrutura, não tem sede, não tem finanças, não têm gastos próprios, não têm personalidade jurídica. O Foro de São Paulo realiza reuniões periódicas. Nessas reuniões, cada partido paga as suas passagens, paga a hospedagem dos seus integrantes, paga todos os custos. E o partido anfitrião, aquele que está recebendo, paga o local onde a reunião se realiza, eventualmente tradutores, os gastos da infraestrutura e, eventualmente, algumas vagas em hotel para os integrantes do grupo de trabalho do Foro, que é uma espécie de coordenação. Ponto. Então quem tem que prestar contas são os partidos que fazem parte do Foro de São Paulo. O PT, por exemplo, presta conta. É só ir ao Tribunal Superior Eleitoral e tem lá todos os gastos devidamente anotados.
OPEB: Também há uma percepção de que o Foro seria um instrumento de interferência externa na política latino americana. Como o senhor enxerga isso?
Valter Pomar: Essa acusação não tem a menor seriedade. A extrema direita, a direita, os governos europeus, o governo dos Estados Unidos interferem de todas as maneiras possíveis na política latino americana e caribenha. Basta ver a quantidade de golpes de Estado que ocorreram com apoio militar, financeiro, logístico e de informação dos Estados Unidos. Então, interferência no sentido geral da palavra quem faz é o lado de lá, não é o lado de cá. Agora, o Foro defende o direito dos partidos de esquerda e progressistas, os movimentos sociais e da intelectualidade, ser solidária aos processos que estão em curso em cada país. Só faltava quererem impedir isso.
OPEB: Quais são os principais desafios que o Foro de São Paulo enfrenta atualmente e como o senhor acredita que eles podem ser superados?
Valter Pomar: O desafio principal continua sendo o mesmo do passado recente. Ou seja, enquanto nós não impusermos uma derrota ao governo dos Estados Unidos, ao imperialismo estadunidense, vamos continuar tendo uma espada pendente sobre a América Latina e o Caribe. E junto desse principal desafio existe o de criar, no âmbito da região, uma integração que seja não somente institucional ou político-partidária, mas seja uma integração social e econômica. A região precisa se transformar em um polo produtivo, científico, tecnológico, industrial, com capacidade de competir com outros pólos que existem no mundo, como é o caso da China, dos Estados Unidos e da Alemanha. Essa interação econômico-social é decisiva. Se a gente não fizer-lá, não conseguir dar conta dela, nós vamos ter muita debilidade no plano da integração cultural, no plano da integração política, no plano da integração de defesa, do plano de integração sanitária, do ponto de vista da integração ambiental, etc.
Alvo de críticas da direita
É notório que o Foro de São Paulo é frequentemente alvo de críticas e acusações da extrema direita, que o enxerga como um instrumento conspirativo para minar a democracia e promover uma agenda radical na região.
Segundo o professor Valter Pomar, o Foro é uma plataforma de debates, diálogo e integração entre partidos e organizações políticas de diferentes orientações da esquerda latino-americana e caribenha. Sua principal aspiração é a integração regional e o fortalecimento das democracias, bem-estar social e desenvolvimento na região.
Embora tenha enfrentado oscilações em sua relevância política, o Foro de São Paulo continua a ser um espaço de articulação e resistência para a esquerda, que vem conquistando vitórias eleitorais e contribuindo para a ampliação das liberdades democráticas em diversos países. A integração regional, juntamente com a superação de interferências externas, como a ação do imperialismo estadunidense, permanece como um desafio crucial para o futuro do Foro de São Paulo.
O que é o Foro de São Paulo?
O Foro de São Paulo foi constituído em 1990, na cidade de São Paulo, a partir de uma iniciativa do ex-presidente Fidel Castro e do atual presidente do Brasil, Lula – na época, grandes líderes políticos de Cuba e Brasil. A reunião tinha como principal objetivo discutir os acontecimentos pós-queda do Muro de Berlim e o futuro das nações latinoamericanas neste novo contexto global. A primeira reunião do Foro contou com a presença de diversos partidos, movimentos e organizações da esquerda de múltiplos países da América Latina. Atualmente, o Foro de São Paulo é composto por 123 partidos, oriundos de 27 países, que se reúnem em um encontro anual, cujo objetivo essencial é a integração regional e a discussão sobre o rumo dos Estados latinos no panorama internacional. A agenda das reuniões gira em torno de pautas contra o neoliberalismo, o imperialismo e sobre a jornada democrática no continente, além disso, as reuniões contam com a presença de grandes nomes da liderança de esquerda de todo continente, como militantes, ambientalistas e líderes de movimentos sociais.
Durante seus 26 anos de existência, o Foro de São Paulo enfrentou duras críticas da direita brasileira, principalmente durante os períodos eleitorais. Em 2018, o candidato à presidência Cabo Daciolo (Patriota) declarou – erradamente – que o candidato Ciro Gomes (PDT) foi um dos fundadores do Foro de São Paulo, questionando-o sobre o plano “URSAL” – que nunca existiu. Além disso, durante as eleições de 2022, o Foro foi amplamente citado pelos apoiadores do candidato Jair Bolsonaro (PL) de forma pejorativa, a fim de desmoralizar as pautas de esquerda, afirmando que suas reuniões do Foro ameaçavam à democracia. Ademais, um dos maiores apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, Olavo de Carvalho, escreveu “O Foro de São Paulo: a ascensão do comunismo latino-americano”, publicado postumamente em 2022 – livro que fomentou a visão negativa sobre as reuniões.
Sobre o entrevistado:
Valter Pomar é doutor em História Econômica pela FFLCH-USP e professor da Universidade Federal do ABC, além de ser filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde os anos 1980. Foi também secretário das Relações Internacionais do partido (2005-2010).