Nobel e América Latina: um exame das lacunas de representatividade

19 de outubro de 2023

 

Por Bruno Fabricio Alcebino da Silva e Gabriel de Mello Rodrigues (Imagem: Nobel Prize Outreach/Nanaka Adachi)

 

O Prêmio Nobel é, inegavelmente, uma das honrarias mais prestigiosas e reconhecidas globalmente, abrangendo áreas que vão desde as ciências físicas até a literatura e a paz. Entretanto, quando examinamos a representação na América Latina, uma disparidade vem à tona. Entre 1901 e 2023, 965 pessoas foram laureadas. Dessas, apenas 17 são latinoamericanos. A região, com sua riqueza cultural e potencial diversificado, é sub-representada nas premiações. 

 

De acordo com o site oficial do Nobel, 965 indivíduos e 27 organizações foram premiadas entre 1901 e 2023, com alguns recebendo o prêmio mais de uma vez. Os prêmios podem ser contabilizados para mais de um país por vencedor, considerando as trajetórias e as nacionalidades dos indivíduos. Os Estados Unidos é o país com o maior número de premiações, acumulando sozinho 400 prêmios, quase metade do total das distinções até hoje outorgadas. Seguido pelo Reino Unido com 137, Alemanha com 111 e França com 71. Apesar dos EUA terem sozinhos a maior fatia por país, quando agrupados por continente é a Europa que acumula o maior número de premiados. Seguida pela América do Norte. Juntos, os dois continentes representam quase a totalidade das premiações. A América Latina é notavelmente sub-representada no cenário dos vencedores do Prêmio Nobel, com apenas 17 laureados até o momento. É importante observar que, mesmo entre esses laureados, alguns possuíam dupla nacionalidade, e a maioria deles havia realizado parte significativa de seus estudos e pesquisas em universidades europeias e estadunidenses. Esses fatos destacam um fenômeno marcante que reforça a hegemonia de países centrais na premiação do Nobel. Isso significa 1.7% dos prêmios. A disparidade não é apenas geográfica. Até 2023, mulheres foram laureadas 65 vezes, representando 6.5% dos prêmios. Apenas 17 dos distinguidos eram pretos e 4 eram mulheres pretas, representando, respectivamente, 1.7% e 0.4% dos prêmios. Marie Curie foi a única mulher laureada duas vezes e a omissão da Dra. Rosalind Franklin é até considerada emblemática. 

 

Alguns analistas e ex-membros dos comitês do Nobel argumentam direta ou indiretamente que essa disparidade significaria apenas um resultado das tendências do passado a serem superadas conforme o mundo caminha para uma maior inclusão, e não uma tendência do prêmio ou dos comitês, supostamente imparciais e meritocráticos por excelência. Embora exista alguma verdade nesse raciocínio, é importante apontar que na realidade ambas as coisas caminham juntas. O Prêmio Nobel e seus comitês representam apenas mais um espaço no qual essas tendências precisam ser combatidas na sociedade. O eurocentrismo, o racismo e o sexismo se reproduzem em suas premiações, em seu processo deliberativo e na própria composição de seus comitês. 

 

Não conceder a Mahatma Gandhi um Nobel da Paz é considerado por muitos uma das maiores omissões do prêmio, inclusive pelo ex-diretor do Instituto Nobel, Geir Lundestad. Segundo ele, apesar de pré-selecionado cinco vezes, as visões eurocêntricas do Comitê não permitiram apreciar seu esforço pela libertação da colônia. 

 

Em 1973, o Nobel da Paz foi concedido a Henry Kissinger e Le Duc Tho “por terem negociado conjuntamente um cessar-fogo no Vietnã em 1973”, levando à renúncia de dois dos cinco membros do Comitê e uma reação de choque ao redor do mundo. 

 

Segundo Olav Njolstad, atual diretor do Instituto Nobel, as deliberações recentemente desclassificadas do comitê sugerem que a expectativa com o prêmio era a de incentivar uma paz duradoura. Era evidente, no entanto, que o frágil acordo se tratava de uma mera trégua para que os EUA retirassem suas tropas do Vietnã, com o crescimento do sentimento anti-guerra interno. Kissinger foi particularmente criticado por ter ordenado o bombardeamento massivo de Hanói durante as negociações como forma de aumentar a pressão sobre o acordo, por sua conduta durante o conflito que levou a expansão da guerra pela região e por seu apoio ao golpe de Augusto Pinochet no Chile contra o presidente democraticamente eleito, Salvador Allende. Le Duc Tho recusou o prêmio e Kissinger não atendeu a cerimônia por medo dos protestos. Em 1975, com a queda de Saigon, Kissinger tentou devolver seu prêmio, porém o Instituto não aceita devoluções ou derruba/apaga laureados. 

 

Em 2012, o Nobel da Paz foi concedido para a União Europeia (UE) “por ter contribuído por mais de seis décadas para o avanço da paz e da reconciliação, da democracia e dos direitos humanos na Europa”. Na época, porém, a UE lidava com a severa crise da dívida na Grécia. Mais importante do que isso, vários países da UE são grandes fabricantes de armas. As quais encontram seu caminho, por uma via ou pela outra, para vários conflitos ao redor do mundo. Vários desses países também são conhecidos por suas práticas, acordos, imposições e intervenções problemáticas em países da África e do Oriente Médio. 

 

Em 2009, o presidente Obama recebeu o Nobel da Paz “pelos seus esforços extraordinários para fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos”. As críticas acusavam a nomeação de ser politicamente motivada e prematura, Obama tinha apenas nove meses de governo do seu primeiro mandato. Dúvidas sobre a decisão também foram levantadas com o envolvimento de sua administração no bombardeamento ou nas guerras do Iraque, Afeganistão, Paquistão, Líbia, Iêmen, Síria e Somália. Apesar de aceitar o Nobel, o próprio Obama disse que se sentiu surpreso com a decisão e que não se considerava digno do prêmio. Alguns críticos, como Brian Becker, então coordenador nacional da coalizão A.N.S.W.E.R (Act Now to Stop War and End Racism), argumentavam que o Nobel representava uma rejeição simbólica do governo anterior de George W. Bush. Ex-secretário do Comitê Norueguês do Nobel e ex-diretor do Instituto Nobel, Geir Lundestad, escreveu em sua coleção de memórias Secretary of Peace em 2015 que o Comitê acreditou que a premiação ajudaria a fortalecer o governo de Obama que enfrentava as tensões resultantes da crise de 2008, o que acabou sendo um erro.

 

A valorização e o investimento no talento da América Latina são essenciais para alcançar o real potencial do continente e ocupar este espaço de prestígio e visibilidade internacional. Porém, a baixa representatividade no Nobel não se explica por uma ausência de talento ou de contribuições significativas para a humanidade na região. Qualquer esforço para derrubar as barreiras sistêmicas na região deve vir também acompanhado da derrubada das barreiras sistêmicas nas nomeações e deliberações. Uma maior democratização, transparência, inclusividade e credibilidade são vitais.

 

A sub-representação de latino-americanos em prêmios de prestígio, como o Nobel, expressa complexidades históricas e desafios contemporâneos. A região é dotada de talento e potencial, mas as disparidades sociais e econômicas, juntamente com as limitações no acesso a recursos e oportunidades, muitas vezes tornam difícil para os latino-americanos competirem em pé de igualdade com outras partes do mundo.

 

Portanto, a análise crítica da relação entre o poder e a representação na concessão de prêmios internacionais, como o Nobel, deve considerar não apenas as realizações individuais, mas também o contexto geopolítico e as barreiras sociais e econômicas que muitas vezes atuam como obstáculos à visibilidade e reconhecimento das conquistas latino-americanas. A busca por uma representação mais justa e igualitária é essencial para promover a diversidade de vozes e talentos em escala global.

 

Mulheres são minoria

 

O Nobel reconhece realizações notáveis em campos que abrangem o conhecimento humano. Em 2023, o Prêmio de Física foi concedido a três pesquisadores que desenvolveram métodos experimentais para investigar a dinâmica dos elétrons. Pierre Agostini, da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, Ferenc Krausz, do Instituto Max Planck para Ótica Quântica e da Universidade Ludwig-Maximilians de Munique, na Alemanha, e Anne L’Huillier, da Universidade de Lund, na Suécia, receberam essa honraria. Esses experimentos têm o potencial de criar pulsos de luz extremamente curtos, que podem ser usados para estudar os processos rápidos nos quais os elétrons movem ou modificam sua energia. 

 

A inclusão de Anne L’Huillier nesse seleto grupo salta à vista, uma vez que ela é apenas a quinta mulher a receber o Nobel de Física em 122 anos. Neste ano, o Prêmio Nobel de Medicina foi entregue à pesquisadora húngara Katalin Kariko e seu colega americano Drew Weissman, que desempenharam papéis cruciais no desenvolvimento de vacinas de RNA mensageiro (mRNA), fundamentais para combater a pandemia de COVID-19. Suas contribuições revolucionárias tiveram um impacto global imediato e demonstram como a pesquisa científica pode ter um impacto direto na vida das pessoas.

 

No entanto, a América Latina não é devidamente representada nessas distinções. A região tem uma história rica e complexa, com lutas por independência, superação de obstáculos econômicos e sociais, e avanços notáveis em diversas áreas, da ciência à literatura. 

 

A sub-representação de latino-americanos em prêmios de prestígio, como o Nobel, é uma questão que transcende a ciência e a cultura. Ela levanta a necessidade de abordar as disparidades no reconhecimento internacional e promover uma representação mais justa das contribuições da América Latina para o mundo.

 

A disparidade nas premiações

 

No campo científico, onde avanços significativos são realizados em universidades e laboratórios latino-americanos, os laureados do continente são numericamente pequenos em relação à sua contribuição (ver tabela 1). Embora alguns nomes notáveis tenham conquistado o Prêmio Nobel, como Luis F. Leloir e Bernardo Alberto Houssay, ambos médicos e fisiologistas argentinos, a América Latina está longe de receber o reconhecimento que merece em disciplinas científicas. 

 

As disparidades na premiação são particularmente sentidas nas categorias de Física e Economia (ver tabela 1). Na categoria de Economia, embora o Prêmio Nobel de Economia tenha sido instituído relativamente recente, em 1969, também não há nenhum laureado, destacando a falta de reconhecimento para as contribuições econômicas da região, que contou com grandes economistas como Celso Furtado e Raúl Prebisch, dentre outros especialistas. 

 

A poderosa expressão literária e a defesa pela paz

 

Entretanto, é nas categorias de Literatura e Paz que a América Latina conquistou reconhecimento. Autores como Gabriel García Márquez, Pablo Neruda, Octavio Paz e Mario Vargas Llosa elevaram a literatura latino-americana a novos patamares e levaram suas vozes a públicos globais. 

 

A literatura da América Latina é conhecida por sua profundidade, originalidade e compromisso com a exploração das complexidades da condição humana e da história regional. O realismo mágico, um gênero literário em que elementos mágicos e fantásticos são entrelaçados com a realidade cotidiana, é um exemplo notável de uma contribuição única da literatura latino-americana para o mundo. O reconhecimento de autores latino-americanos com o Prêmio Nobel de Literatura destaca a influência significativa da região no cenário literário mundial.

 

Na categoria da Paz, figuras como Rigoberta Menchú, Adolfo Pérez Esquivel, Óscar Arias Sánchez e Juan Manuel Santos contribuíram significativamente para a busca de soluções pacíficas em tempos conturbados. 

 

A utilização do poder nas premiações

 

Gabriel García Márquez, em seu discurso “A solidão da América Latina”, oferece uma perspectiva crítica sobre o uso do Nobel como instrumento de poder por parte das grandes potências mundiais. Ele argumenta que tais prêmios são frequentemente associados a nações do Hemisfério Norte, reforçando a ideia de superioridade e liderança no cenário global, contribuindo para a perpetuação de disparidades na representação das regiões e subestima o potencial de latino-americanos nas áreas científicas e econômicas.

 

Em seu livro “The Nobel Prize: A History of Genius, Controversy, and Prestige”, o professor Peter D. Stachura, explora a história do Prêmio e os desafios relacionados à equidade e representação geográfica. Ele destaca que a distribuição dos prêmios nem sempre expressaa verdadeira extensão das realizações científicas e culturais em todo o mundo, mas focam nos países centrais. 

 

É importante examinar as premiações de forma crítica, considerando não apenas as realizações individuais, mas também os fatores geopolíticos e o uso do poder que podem influenciar sua distribuição.

 

Diante do prestígio e visibilidade do prêmio, o Nobel efetivamente atua na definição de padrões mundiais de liderança. Os quais afirmam, um mundo marcado pelas relações centro-periferia e por fenômenos como a colonização, a neocolonização, o racismo e o sexismo. 

 

Os comitês do Nobel já foram acusados de subjetividade ou meritocracia duvidosa em seus critérios de escolha. Enquanto outras críticas acusam diretamente os comitês de falta de transparência e motivação política.

 

A instituição responsável pelo Prêmio Nobel da Paz é o Comitê Nobel Norueguês, composto por cinco membros escolhidos pelo parlamento norueguês. A Fundação Nobel proíbe a divulgação de informações sobre as nomeações e o processo de deliberação pelo prazo de 50 anos após a escolha de um laureado. Para que uma nomeação ao Nobel da Paz seja considerada válida é necessário que seja submetida por chefes de Estado, membros de assembleias ou governos nacionais, membros de certas organizações internacionais, professores e reitores (ou equivalente) universitários, membros, ex-membros ou conselheiros do Comitê Norueguês do Nobel ou indivíduos e organizações previamente laureados. 

 

Os críticos consideram o Nobel de Literatura como o mais controverso dos prêmios. Embora algumas controvérsias relevantes e simbólicas para os argumentos levantados possam ser retirados do Nobel da Paz. Uma delas diz respeito à própria criação do prêmio por um fabricante sueco de armamentos e inventor da dinamite que acumulou sua riqueza baseado na exploração da guerra e de conflitos. 

 

A campanha de Lula para o Nobel 

 

Em 2018, Adolfo Pérez Esquivel, ativista argentino de direitos humanos e ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1980, encabeçou uma campanha pela nomeação de Luiz Inácio Lula da Silva para a mesma categoria. Segundo Esquivel, as ações de Lula enquanto presidente em seus dois primeiros mandatos representam um caso incomparável no mundo. O argentino invoca o conceito de paz positiva, no qual ela é entendida através de noções como as de justiça social e violência estrutural, para além da mera ausência da violência direta, para justificar a necessidade de reconhecer as ações sem precedentes no combate, através de políticas públicas, a fome e a pobreza em um dos países mais desiguais do mundo. Em 2019, a União Geral Tunisiana do Trabalho (UGTT), uma das organizações vencedoras do prêmio em 2015, confirmou apoio à candidatura. Segundo Esquivel, também foi o ano em que ele enviou sua nomeação ao comitê.

 

Em seu manifesto enviado ao comitê julgador, Esquivel destaca uma série de dados para pautar seus argumentos, como a redução de quase 50% do desemprego, segundo o IBGE, a melhora no coeficiente de Gini brasileiro entre 2003 e 2014, segundo o IPEA, e a melhora no IDH brasileiro devido a programas de educação e saúde pública desenvolvidos pelo PNUD que aumentaram a renda média anual, a expectativa de vida e as taxas de escolaridade. 

 

Lula não foi laureado. Apesar disso, ainda se fala em sua nomeação ao prêmio. Sua atividade internacional no terceiro mandato persegue e promove a paz e questões ambientais. Mas o cenário internacional complexo dificulta o pragmatismo e a equidistância. O não apoio irrestrito à Ucrânia e a OTAN são facilmente tachados como posições antidemocráticas ou belicistas e dificultam certas costuras diplomáticas. 

 

A busca por uma nova realidade

 

García Márquez, encerra seu discurso em 1982 com uma mensagem de esperança, destacando que a América Latina é uma região repleta de possibilidades. Ele desafia a visão tradicional que marginaliza a região, defendendo a criação de uma nova realidade em que a igualdade, a justiça social e uma vida digna sejam o foco. O escritor latino acreditava que a América Latina tem o potencial de criar uma nova utopia, onde todos possam desfrutar da vida com dignidade.

 

As palavras do colombiano traduzem um desejo compartilhado por muitos na América Latina de superar as desigualdades e desafios persistentes. Vários acadêmicos e ativistas na região argumentam que o reconhecimento equitativo nas premiações internacionais, bem como o investimento em educação e pesquisa, são cruciais para desbloquear o potencial latente da América Latina.

 

Desafiar a disparidade nas premiações

 

A disparidade nas premiações reflete a desigualdade global de poder e reconhecimento que tem suas raízes na história de exploração, dominação e marginalização das nações latino-americanas. Gabriel García Márquez, com suas palavras inspiradoras, nos lembra que a América Latina não deve ser definida pela sua solidão, mas sim pelo seu potencial de criar uma nova realidade onde a igualdade, a justiça e a vida digna sejam prioridades.

 

É uma chamada para desafiar a desigualdade nas premiações e criar um mundo mais inclusivo e justo, onde todos possam contribuir igualmente para a construção de um futuro melhor. É um apelo para que o mundo reconheça e celebre as contribuições únicas da América Latina em todas as áreas do conhecimento e da cultura.

 

Tabela 1 – Laureados latino-americanos do Prêmio Nobel

Categoria

Ano

Laureado

País

Comentário

Química

1970

Luis F. Leloir

Argentina

Primeiro hispânico a ganhar um Prêmio Nobel de Química.

 

1995

Mario J. Molina

México

 

Literatura

1945

Gabriela Mistral

Chile

Primeiro latino-americano a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura.

 

1967

Miguel Ángel Astúrias

Guatemala

 
 

1971

Pablo Neruda

Chile

 
 

1982

Gabriel Garcia Marquez

Colômbia

 
 

1990

Octavio Paz

México

 
 

2010

Mario Vargas Llosa

Peru/ Espanha

 

Paz

1936

Carlos Saavedra Lamas

Argentina

Primeiro latino-americano a ganhar um Prêmio Nobel, primeiro hispânico a ganhar um Prêmio Nobel da Paz.

 

1980

Adolfo Pérez Esquivel

Argentina

 
 

1982

Alfonso García Robles

México

 
 

1987

Óscar Arias Sánchez

Costa Rica

 
 

1992

Rigoberta Menchú

Guatemala

 
 

2016

Juan Manuel Santos

Colômbia

 

Fisiologia ou Medicina

1947

Bernardo Alberto Houssay

Argentina

Primeiro latino-americano a ganhar o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina.

 

1980

Baruj Benacerraf

Venezuela/ EUA

 
 

1984

César Milstein

Argentina/ Reino Unido

 
Fonte: elaboração própria com dados da Nobel Price

 

A análise da tabela anterior nos revela um panorama dos laureados latino-americanos, distribuídos por diferentes categorias. Embora tenhamos testemunhado conquistas notáveis por parte desses personagens, é imperativo reconhecer que a representação latino-americana nesse cenário é, em grande medida, desigual e limitada em comparação com outras regiões do mundo. Vamos explorar alguns pontos-chave à luz dos dados apresentados.

 

A América Latina demonstra um desempenho notável na categoria de Literatura e da Paz, com um total de seis e quatro laureados respectivamente. 

 

No entanto, quando voltamos nosso olhar para as categorias científicas, como Química e Fisiologia ou Medicina, a representação continental é limitada. Embora tenhamos notáveis exemplos, como Luis F. Leloir e Bernardo Alberto Houssay, a contribuição da região para o cenário científico global é sub-reconhecida. Essa disparidade sugere a presença de barreiras sistemáticas que impedem o reconhecimento do potencial científico latino-americano.

 

Embora alguns latino-americanos tenham alcançado destaque no cenário global e recebido o Prêmio Nobel, a região enfrenta desafios substanciais na busca por igualdade de oportunidades e reconhecimento. Corrigir essa disparidade requer um compromisso contínuo com a promoção da inclusão, a superação de barreiras e a celebração das conquistas dos latino-americanos em todas as esferas, a fim de garantir que o potencial dessa região seja devidamente reconhecido e valorizado em todo o mundo.

 

Referências Bibliográficas:

 

Banco Mundial (2020). América Latina e Caribe: Dados do Desenvolvimento Mundial. Banco Mundial.

 

Colistete, R. P. (2017). Latin American Economic Historiography and the Role of Economic History in Latin America. In R. P. Colistete, G. C. Furtado, & E. Fonseca (Eds.), Economic History in Latin America (pp. 3-25). Palgrave Macmillan.

 

Conaghan, C. M., & Malloy, J. M. (1994). Unsettling Statecraft: Democracy and Neoliberalism in the Central Andes. University of Pittsburgh Press.

 

García Márquez, G. (1982). A solidão da América Latina. Discurso Nobel. Disponível em [Nobel Prize – Gabriel García Márquez](https://www.nobelprize.org/prizes/literature/1982/marquez/lecture/).

 

Stachura, P. D. (2015). The Nobel Prize: A History of Genius, Controversy, and Prestige. Rowman & Littlefield.

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